sexta-feira, 18 de junho de 2010

CARTA AO PRESIDENTE LULA

Vejam a carta que um juiz colocou no jornal de hoje:
 
Mensagem ao presidente! 

Estimado presidente, assisti na televisão, anteontem, o trecho de seu discurso criticando o Poder Judiciário e dizendo que V. Exa. e seu amigo Tarso, ministro da Justiça, há muito tempo são favoráveis ao controle externo do Poder Judiciário, não para 'meter a mão na decisão do juiz', mas para abrir a 'caixa-preta' do Poder...   Vi também V. Exa. falar sobre 'duas Justiças' e sobre a influência do dinheiro nas decisões da Justiça.
Fiquei abismado, caro presidente, não com a falta de conhecimento de V.Exa., já que coisa diversa não poderia esperar (só pelo fato de que o nobre presidente é leigo), mas com o fato de que o nobre presidente ainda não se tenha dado conta de que não é mais candidato.  
Não precisa mais falar como se em palanque estivesse; não precisa mais fazer cara de inconformado, alterando o tom da voz para influir no ânimo da platéia. Afinal, não é sempre que se faz discurso na porta da Volks.
Não precisa mais chorar.  O eminente presidente precisa apenas mandar, o que não fez até agora.
Não existem duas Justiças, como V. Exa. falou. Existe uma só.
Que é cega, mas não é surda e costuma escutar as besteiras que muitos falam sobre ela.
Basta ao presidente mandar seu amigo Tarso tomar medidas concretas e efetivas contra o crime organizado.
Mandar seus demais ministros exercer os cargos para os quais foram nomeados.
Mandar seus líderes partidários fazer menos conchavos e começar a legislar em favor da sociedade.  
Afinal, V. Exa.. foi eleito para isso.  
Sr. presidente, no mesmo canal de televisão, assisti a uma reportagem dando conta de que, 
em Pernambuco (sua terra natal), crianças que haviam abandonado o lixão, por receberem R$ 25,00 do Bolsa-Escola , tinham voltado para aquela vida (??) insólita simplesmente porque desde janeiro seu governo não repassou o dinheiro destinado ao Bolsa-Escola .
  Como se pode ver, Sr. presidente, vou tentar lembrá-lo de algumas coisas simples. Nós, do Poder Judiciário, não temos caixa-preta. Temos leis inconsistentes e brandas (que seu amigo Tarso sempre utilizou para inocentar pessoas acusadas de crimes do colarinho-branco) .
Temos de conviver com a Fazenda Pública (e o Sr. presidente é responsável por ela, caso não saiba), sendo nossa maior cliente e litigante, na maioria dos casos, de má-fé.  
Temos os precatórios que não são pagos..  
Temos acidentados que não recebem benefícios em dia (o INSS é de sua responsabilidade, Sr. presidente). Não temos medo algum de qualquer controle externo, Sr. presidente.  
Temos medo, sim, de que pessoas menos avisadas, como V. Exa. mostrou ser, confundam controle externo com atividade jurisdicional (pergunte ao seu amigo Tarso, ele explica o que é).  
De qualquer forma, não é bom falar de corda em casa de enforcado.  
Evidente que V. Exa. usou da expressão 'caixa-preta' não no sentido pejorativo do termo.  
Juízes não tomam vinho de R$ 4 mil a garrafa.  
Juízes não são agradados com vinhos portugueses raros quando vão a restaurantes.  
Juízes, quando fazem churrasco, não mandam vir churrasqueiro de outro Estado.  
Mulheres de juízes não possuem condições financeiras para importar cabeleireiros de outras unidades da Federação,  apenas para fazer uma 'escova'. Cachorros de juízes não andam de carro oficial.   Caixa-preta por caixa-preta (no sentido meramente figurativo), sr. presidente, a do Poder Executivo é bem maior do que a nossa.  
Meus respeitos a V. Exa. e recomendações ao seu amigo Márcio.  
P.S.: Dê lembranças a 'Michelle'. (Michelle é cachorrinha do presidente que passeia em carro oficial)
Ruy Coppola, juiz do 2.º Tribunal de Alçada Civil do Estado de São Paulo, São Paulo

sábado, 5 de junho de 2010

A BOLA É A CULPADA


Eu já vi jogador de futebol quando perder um jogo ficar culpando o gramado, o juiz, o bandeirinha, a chuva, o calendário de jogos etc, mas criticar a bola  eu nunca tinha visto. Estou muito preocupado depois que comecei a ver os jogadores da seleção brasileira reclamar da bola da copa.
A bola que recebeu o nome feio de jabulani foi desenvolvida especialmente para este mundial da África do Sul pela Adidas que prometeu mesmo agradar o gosto dos atacantes e dificultar a vida dos goleiros. Neste caso o goleiro Julio Cesar - cuja esposa a atriz Suzana Werner é mais conhecida no Brasil do que ele - tem razão em chamar a bola de “horrorosa”, mas o atacante Luiz Fabiano chamar a bola de “sobrenatural” é coisa muito estranha.
Pois bem, não bastasse o Luiz Fabiano achar que a bola alem de horrorosa parece não gostar que alguém a chute, o Julio Batista, outra esperança de gol da seleção do Dunga, também criticou a bola dizendo que ela faz muita curva e que  quando o atacante chuta, ela dá três ou quatro roscas antes de chegar ao goleiro.
Percebo que estamos mal neste copa. Os jogadores parecem  estar vendo a bola como um adversário a mais para eles.
É preocupante esta situação. Alem de nós brasileiros termos que torcer por uma seleção com jogadores que mal conhecemos, teremos que torcer para que estes craques do Dunga aprendam a jogar com esta bola a tempo do Brasil não dar vexame nesta copa da África do Sul.
Os nossos jogadores precisam entender que a esta altura, a poucos dias do inicio da competição, não há nenhuma possibilidade de se mudar a bola da copa e que esta bola é a única a ser utilizada e todos os jogos serão realizados com ela, logo, se há alguma dificuldade, será a mesma para todas as 32 seleções e não só para a seleção brasileira.  
Colocar a culpa de eventual fracasso na bola da Copa não é justo para com os torcedores brasileiros. Se o cara for craque mesmo, do potencial de um Romário, de um Zico, um Falcão ou um Roberto Carlos,  a bola pode ser de meia, de bexiga, de plástico daquelas de supermercado que o gol sai. Ah se sai...
Se o goleiro for do nível de um Taffarel, um Marcos, um Dida...a bola   pode vir fazendo rosca, pode vir fazendo curva, pode mudar a trajetória depois do chute, pode ser complicada, pode ser leve ou pesada  que  não entra não...